Festival de Oberhausen garante vida longa aos curtas

'Item Number', de Oliver Husain: vencedor do festival deste ano
‘Item Number’, de Oliver Husain: vencedor do festival deste ano

Recém-encerrado, o Festival de Curtas de Oberhausen serviu mais uma vez como espaço de reflexão sobre o cinema. Considerado um dos fóruns mais importantes para os curtas-metragens do mundo, o festival levanta algumas questões em torno do formato ao qual se dedica. Paira sobretudo a pergunta a respeito da relevância do curta e sobre sua persistência em existir, já que, apesar dos esforços dos donos de salas de cinema, de distribuidores e de outras instituições, há quem acredite que eles desapareceram da paisagem cinematográfica.

O tradicional Festival de Oberhausen deixa claro, porém, que pelo menos no meio cinematográfico alemão o curta-metragem sobrevive e está mais presente do que nunca. Apesar da tão aclamada transformação das mídias, das mudanças de comportamento no que diz respeito às formas de lazer, da internet e da revolução digital, o formato do curta dá provas de resistência.

Lars Henrik Gass, diretor do Festival de Oberhausen desde 1997
Lars Henrik Gass, diretor do Festival de Oberhausen desde 1997

Lars Henrik Gass (foto), diretor do Festival desde 1997, está ciente disso tudo. Ele modificou a mostra no decorrer dos últimos anos, tornando-a aberta para novas formas e transformando-a em um espaço onde o discurso sobre o cinema se mantém vivo. E isso tudo em uma cidade como Oberhausen, cuja tristeza da paisagem urbana chega a chocar quem vem de fora.

Gass dedicou ainda ao tema o livrinho Film und Kunst nach dem Kino (O filme e a arte depois do cinema), editado pela Philo Fine Arts – uma espécie de guia filosófico-cultural sobre o gênero e um breviário conceitual do festival, cujas reflexões vão bem além do cotidiano da mostra.

Segundo Gass em entrevista à DW, os festivais passaram a exercer hoje uma função totalmente diferente no meio cinematográfico. Antigamente, eles assumiam principalmente a tarefa de exibir filmes, que depois seriam mostrados no cinema. Hoje, são mais uma espécie de “estação final” para os filmes, aponta Gass.

Ou seja, é comum que muitos dos filmes exibidos em um festival nunca cheguem à programação regular de um cinema. “Os festivais acabaram assumindo o papel imprevisto, do ponto de vista histórico, de aproveitamento de filmes que nunca teriam uma perspectiva comercial ou que a teriam, mas somente de maneira muito limitada”, completa o diretor do Festival de Oberhausen.

E como a produção cinematográfica cresceu como um todo, aumentou também o número de festivais no mundo. Gass relata que quando assumiu a direção de Oberhausen, em 1997, recebia inscrições de 2700 filmes. Hoje, são mais de 6 mil. Uma evolução respeitável, acredita. Gass não compreende, neste contexto, reclamações acerca de um suposto “excesso de festivais”, uma vez, que, segundo ele, há um público interessado e uma demanda cultural suficiente.

'Café Regular' (Egito/Índia), de Ritesh Batra: prêmio da crítica em 2012
‘Café Regular’ (Egito/Índia), de Ritesh Batra: prêmio da crítica em 2012

Marcelo Macaue

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