por Ulisses da Motta Costa
Eles não se envolvem diretamente em todo o processo cinematográfico, mas são peças essenciais. Em homenagem a todos os profissionais da nobre arte de atuar, segue esta lista de grandes intérpretes do cinema, homens e mulheres. Tentei incluir aqueles que se focaram mais na atuação do que em outras áreas da sétima arte — ou seja, sem Chaplin ou Orson Welles, atores sensacionais que também eram diretores, produtores, roteiristas…
7. Greta Garbo (1905-1990): Foi a sueca Greta Lovisa Gustafsson, surgida no ápice do cinema mudo, quem criou a ideia do que uma estrela deveria ser: uma deusa. Além de uma beleza extraterrestre (era conhecida simplesmente como “A Face”), era uma grande atriz dramática. Graças ao seu talento, foi uma das poucas que conseguiram sobreviver à “desgraça” da transição para o cinema falado. Aliás, seu primeiro filme com som (Anna Christie) alardeava na sua publicidade: “Garbo Fala!”.
6. Toshiro Mifune (1920-1997): Hollywood ainda caminhava timidamente na modernização das suas atuação quando surgiram os filmes japoneses de Akira Kurosawa. Neles, um ator visceral, que transitava do cômico para o dramático, do lacônico para o épico de maneira alucinante. Nascido na China, Mifune foi morar no Japão aos 21 anos, participando da Segunda Guerra como piloto. Só depois do conflito que começou a atuar no cinema, baseando-se nas técnicas do tradicional teatro Nô.
5. Meryl Streep (1949): Não só uma das maiores atrizes americanas de todos os tempos: a incrível capacidade de Meryl mudar seu rosto, sua voz, sua postura e sua atitude dependendo do personagem lhe valem com facilidade o título de maior performer em cinema na atualidade. Enquanto medalhões da sua geração como De Niro, Nicholson ou Pacino parecem ter cansado de atuar, Streep continuar destruindo em qualquer gênero, da cinebiografia ao musical.
4. Lawrence Olivier (1907-1989): eu tinha tentado fazer esta lista sem incluir atores que também dirigissem, mas a majestade de Olivier me esmagou. E, no fim das contas, ele comandou apenas seis produções, contra 86 nas quais “apenas” atuou. Considerado o maior intérprete de Shakespeare que já houve (o que sabemos que é alguma coisa), o gigante britânico é o caso mais bem-sucedido de um artista que sai do palco para o set e volta para o palco e era perfeito em todos esses lugares.
3. Grande Otelo (1915-1993): Reza uma lenda que Orson Welles disse que Otelo era o maior ator negro que o mundo tinha visto. Não é à toa que participou de produções das mais diversas dentro do Brasil (das chanchadas simples da Atlântida às fitas cabeçudas do Cinema Novo), mas também fora dele. Aqui, contudo, era sempre lembrado como “humorista”, como se não fosse um ator completo, que sempre esteve à vontade na frente das câmeras. Seus trabalhos entre TV e cinema somam mais de 120 títulos.
2. Bette Davis (1908-1989): Davis era a rainha de Hollywood — às vezes, uma rainha má. Ela provou que não precisava ser uma deusa da beleza para se impor como grande dama. Não ganhou tantos Oscars quanto Katherine Hepburn, mas foi mais icônica — tanto que recebeu os títulos informais de “Primeira Dama dos Filmes” e “O Quinto Irmão Warner” (referência ao poder que ela tinha dentro da Warner Bros. para escolher filmes, diretores e parceiros de elenco).
1. Marlon Brando (1924-2004): O que os atores são hoje no cinema é culpa de Marlon Brando. Principal performer a levar para o cinema norte-americana as ideias do Actors Studio (famosa escola de atuação de Nova York, que bebia nos vanguardistas europeus), Brando tirou dos astros aquele ar de seres intocados e que se contentavam com qualquer canastrice. Para ele, a atuação era um sacrifício sagrado e precisava chegar à perfeita naturalidade. Chegou a ser considerado um dos homens mais belos do mundo nos anos 1950, mas por conta de seu temperamento difícil foi relegado a um quase ostracismo na década seguinte. Voltou totalmente transfigurado nos anos 1970, envelhecido, gordo — e atuando como nunca em O Poderoso Chefão.
