COMO GRAVAR SOM DIRETO – parte 1

por David Pennington

 

 

SOM DIRETO INTRODUÇÃO

O som direto em cinema surge com o documentário a partir dos anos sessenta, principalmente com a disponibilidade dos gravadores “Nagra” e “Uher”, dentre outros. O primeiro Nagra do Brasil foi trazido pelo cineasta sueco Arne Sucksdorff em 1962; trouxe também uma câmara e uma moviola, e esse material ficou no Ministério de educação e Cultura, no Rio de Janeiro, à disposição dos jovens cineastas. O sistema câmara-gravador, extremamente portátil, permitiu enorme mobilidade. Um engenhoso conjunto de circuitos eletrônicos analógicos permitia manter sincronismo entre o som e a imagem fotográfica registrada, inicialmete com o auxílio de um cabo interligando a câmara e o gravador, e posteriormente sem cabo, por meio de “relógios” de cristal de quartzo, um na câmara, outro no gravador. Atualmente, usamos gravadores digitais para o registro “duplo”, som e câmara de cinema. No próprio conceito de equipamento de gravação de som digital, está como raíz, o “relógio” de cristal de quartzo. Este texto foi originalmente escrito em 1999, e embora tenha havido uma forte evolução no que tange aos equipamento, os procedimentos básicos não mudaram. Ainda é necessário muita atenção, escolha cuidadosa dos microfones, sua correta localização, controle dos volumes para não sobrecarregar ou “estourar” a gravação. O SOM E O PRIMADO DA IMAGEM Muitos cineastas freqüentemente menosprezam a importância de obter um som original bom. Pensam que se a gravação original é pelo menos audível, bom o bastante, a alquimia da pós-produção “conserta” o som. Isto é absolutamente falso. A gravação original é regravada muitas vezes passando por muitas gerações, deteriorando-se, no ambiente analógico principalmente, a qualidade da gravação a cada passo até chegar à tela do cinema. Se a gravação original for pobre, a trilha sonora do filme sofrerá muitas perdas. Por isto, a gravação original deverá buscar a excelência. Devem ser usados o melhor equipamento e técnicas disponíveis para um resultado de alta qualidade. Mesmo no ambiente digital, embora as perdas de geração a geração sejam desprezívies, se a gravação original for de baixa qualidade, as múltiplas gerações também o serão. Inclusive alguns autores (Jay Rose, p. ex.) afirmam que graças a fatores ainda incontroláveis nos estúdios de pós-produção, a situação ideal de infinitas cópias de um original, sem perdas de qualidade não corresponde à realidade: principalmente em função da compressão de dados, é bom restringir a matriz a no máximo cinco a seis gerações para assegurar boa qualidade do produto final. SOM SINCRONIZADO COM A IMAGEMO sistema “duplo” eletronicamente engrena a câmara cinematográfica com o gravador de som. Os dois são coordenados por meio de um “tom” ou “pulso” de sincronismo cuja freqüência é de 50 ou 60 Hertz. 60 Hertz aplica-se para os Estados Unidos, Brasil, Japão e alguns países da América Latina, América Central e África onde a freqüência da rede elétrica alternante é de 60 ciclos por segundo.
Na Europa, onde a freqüência da rede é 50 ciclos por segundo, o tom de sincronismo é também 50 Hertz. A pulsação de sincronismo tem que se combinar com a freqüência da rede elétrica para permitir a transferência do som da fita magnética de ¼ de polegada para o filme magnético perfurado.
Um oscilador de tom de sincronismo faz parte da câmara. Gera um tom de 60 ( ou 50) Hertz quando a câmara cinematográfica está rodando a exatamente 24 (ou 25) fotogramas por segundo. Na Europa a combinação é normalmente 50 Hertz e 25 fotogramas por segundo. Enquanto a câmara está rodando,
o tom de sincronismo mudará sutilmente com as pequenas e inevitáveis variações de velocidade da câmara e do gravador de som de cinema. O tom ou pulso de sincronismo e o som dos diálogos são registrados separadamente sobre a fita de ¼ de polegada.
A freqüência do tom de sincronismo reflete todas as mudanças de velocidade envolvidas, desde a variação de velocidade do filme na câmara, até variações de velocidade do transporte da fita de áudio, escorregamento da mesma, encurtamento ou expansão do comprimento da fita por variações de temperatura e umidade. Quando a gravação é transferida da fita de ¼ pol. para filme magnético perfurado, 
o tom de sincronismo registrado na fita controlará a velocidade do playback do gravador para obter uma pista de som que combinará com a película, quadro a quadro exatamente. O método comum de obter som sincronizado em sistema duplo é conectar a saída do pulso de sincronismo da câmara com um cabo elétrico até o gravador de fita de ¼ de polegada. Um método mais avançado utiliza controles a cristal altamente precisos. Com sincronismo a cristal a velocidade da câmara é constante a exatamente 24 (25) fps; no gravador de fita encontra-se uma unidade geradora de pulso de sincronismo semelhante, que serve de referência; os dois geradores de pulso, controlados a cristal, mantém uma precisão de freqüência em torno de 1: 10.000, o que assegura horas de sincronismo entre imagem e som. A vantagem do sincronismo por cristal é que não há nenhuma necessidade de conectar a câmara de cinema ao gravador, através de um cabo.

 Nagra 4.2 – o cavalo-de-batalha da indústria cinematográfica até o início dos anos 90

Marcelo Macaue

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