COMO GRAVAR SOM DIRETO – parte 2

por David Pennington

LAQUETE E BLOOP

Estando estabelecidas as velocidades da película na câmara e da fita magnética no gravador, temos que fixar um ponto de sincronismo, ou seja, uma marca que permita estabelecer com precisão o sincronismo som/imagem. Isto é conseguido tradicionalmente por meio da “claquete”, uma pequena lousa. Nela são escritos o nome da produção, o numero da cena, a tomada ( “take” ), o nome da produtora, o nome do diretor, a data, o rolo de filme usado ( “numero de chassis”) e o número de rolo de fita de gravação de som. Subordinada à claquete há um segmento de madeira que pode ser batido na lousa, produzindo-se um som: assim, temos um som forte e seco, registrado na fita de som, e que corresponde à imagem do segmento de madeira fechado na lousa. O “claquetista”, em geral função do continuísta, antes de bater a claquete identifica a fita de som cantando as informações mais importantes, lidas da própria claquete. Assim temos identificação na película e na fita de som. Normalmente a claquete é batida no início da cena, após a câmara e o som estarem rodando, e antes do início da ação. Em situações onde o uso da claquete no início da ação perturbaria o assunto (quando filmando vida selvagem ou crianças) uma “claquete de fim” é usada. Ao término da cena, ainda com a câmara e o gravador de som ligados, é feita a claquete; só que neste caso, a claquete é operada de cabeça para baixo, indício de claquete de fim.
Muitas câmaras modernas que usam sincronismo de cristal são equipados com um dispositivo automático de marca de sincronismo, chamado “dispositivo de blooping”. Este dispositivo automaticamente acende uma pequenina lâmpada dentro da câmara, velando alguns fotogramas do filme negativo nela colocado. Enquanto isso, ativa um tom de áudio, em geral 1000 Hertz, que é registrado na fita do gravador de som. Posteriormente, os dois podem ser sincronizados: os fotogramas velados com o tom de áudio gravado na fita de som. Quando a câmara de cinema é conectada ao gravador por meio de cabo, o bloop é controlado pelo cabo. Porém, quando operando com controle a cristal, é necessário que a câmara tenha instalado um transmissor de rádio, cujo sinal é recebido por um receptor instalado no gravador, e desta forma o sistema de bloop pode funcionar sem fios. De qualquer maneira, 
é sempre necessário identificar o plano de filme rodado e o trecho de fita gravada correspondente.

GRAVADORES

Somente alguns gravadores de fita de ¼-polegada são adequados para operação de som sincronizado. O favorito da indústria é o Nagra. Outros gravadores profissionais incluem o Stellavox, e o Perfectone. Também era utilizado o Uher 4000, mais barato e adaptado para gravação síncrona.
Está em curso a substituição dos gravadores analógicos pelos gravadores de som digitais. Mesmo assim, ainda há muitos Nagras em operação por aí, especialmente no cinema de resistência do terceiro mundo; e em muitos países da europa, muitos técnicos de som ainda preferem o Nagra analógico.

MICROFONES

Os microfones são classificados por de sua natureza, e segundo o padrão de recepção.

Microfones dinâmicos são os tipos mais resistentes.
Empregam um imã forte em sua construção, por isso é aconselhável mante-los longe de fitas magnéticas e dos gravadores.
Microfones de condensador (“eletrostáticos”) requerem fonte de alimentação à bateria, ou a partir do gravador para operar. São um pouco mais frágeis e geralmente mais caros que a maioria do microfones dinâmicos. Muitos técnicos acreditam que são os de melhor qualidade. Os equipamente usual mete apresentam fontes de alimentação embutidos para esses equipamentos, são as fontes “Phantom” (12 a 48 Volts). É necessário escolher a fonte adequada a cada microfone. Quando utilizar microfones dinâmicos, as fontes “Phantom” devem ser desligadas.

Através de padrão de recepção de som são classificados como segue:

Microfones unidirecionais são freqüentemente usados em filmagem. Favorecem sons que vêm de uma direção determinada. Os níveis de captação dos sons fora do eixo do microfone caem rapidamente e assim é possível eliminar sons indesejáveis. As freqüências altas são as primeiras a serem afetadas, quando a fonte sonora fica fora do eixo do microfone.

Os microfones ultradirectionais ou “canhão” ( em Portugal, “de espingarda”) têm uma aplicação muito importante em cinematografia. São maiores que microfones unidirecionais e altamente direcionais, fazendo-os mais seletivos na recepção dos sons. Seu padrão de recepção estreito fazem-nos especialmente satisfatórios para selecionar fontes sonoras ao ar livre onde há normalmente ruído de fundo a ser evitado; mas exigem muita atenção, pois um pequeno desvio do eixo em relação à fonte sonora reduz drasticamente o nível de captação.

Microfones omnidirecionais têm um ângulo largo de recepção e detectam especialmente baixas freqüências de todas as direções. São bons para registrar sons de ambiente e efeitos sonoros, e para discussões em grupo onde o microfone tem que permanecer estacionário.

O microfones lavalier (chamados também “microfone globo-repórter”)ou microfones de lapela, são construídos para serem colocados sobre a caixa torácica. São projetados para favorecer freqüências altas, compensando desta maneira a superabundância de baixas freqüências que se originam nesta área. Por isto sempre devem ser colocados sobre o tórax. Os microfones de lapela mantêm distância constante entre o microfone e a boca; tendem a ter uma ação localizada, podendo às vezes ser usados com uma câmara ou locações ruidosas. Infelizmente, são suscetíveis a “ruído de cabo”, causado pelo cabo que se esfrega na roupa do ator ou locutor. Algumas medidas podem ser tomadas para aliviar este fato.

OUTROS EQUIPAMENTOS

Fones de ouvido de alta qualidade são necessários para o técnico avaliar a qualidade de som. Os fones de ouvido devem ser compatíveis com o gravador em termos elétricos, a impedância dos fones deve combinar com a impedância de saída de fones do gravador.


A melhor posição para o microfone é geralmente acima e à frente do talento, ou ator; normalmente há necessidade de algum tipo de suporte, uma girafa ou “boom”, que poderá ser improvisando um cabo de vassoura ou até um boom de estúdio sofisticado.
Em todo caso, o microfone deve ser montado de forma que não toque nenhuma superfície sólida diretamente. Pode ser suspenso por ligas de borracha, ou em emergências somente, o microfone pode ser fixado com fita crepe a um cabo de vassoura, forrando-se o microfone com espuma.

Microfone com paravento

Para filmagem ao ar livre, um paravento é uma necessidade; normalmente consiste em uma cobertura de espuma que desliza sobre o microfone para protege-lo do contato direto com o vento. Freqüentemente, o paravento também é usado em recinto fechado.

boom fechado e extendido

O microfone e seus cabos são sensíveis e requerem manutenção considerável e cuidados no manuseio. Há um modo padronizado de enrolar cabos para evitar o torcer constante dos fios internos delicados. Fios embolados e nós, nunca devem ser puxados; sempre devem ser cuidadosamente desembaraçados.

Marcelo Macaue

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