por David Pennington
O USO DO MICROFONEProcura-se colocar o microfone o mais perto possível da fonte sonora, de forma geral. É claro que, se o microfone não deve aparecer na cena, ficamos restritos aos limites do quadro para aproximar o microfone. Nestes casos, procura-se usar um microfone direcional, ou um ultracardióide, pendurado numa girafa. Ás vezes é possível ocultar um microfone cardióde ou omnidirecional no cenário, no meio de um vaso com flores, por exemplo. Um microfone de lapela pode ser oculto dentro das roupas de um ator. Em todos os casos, no ensaio, uma avaliação da qualidade do som deve ser cuidadosamente feita, e se for o caso, substituir o microfone ou a forma de captação do som naquela instância. Se o microfone fica mais longe da fonte sonora, o volume do gravador tem que ser aumentado, e isto implica num aumento do ruído de fundo. Talvez seja necessário induzir o ator a projetar a voz de forma mais alta. A melhor posição de microfone é ligeiramente acima e à frente da cabeça do ator, e no alcance máximo, digamos, de um metro. O microfone normalmente deve ser apontado diretamente para a boca do ator. Uma exceção poderia ser no caso de ator ou atriz com voz sibilante que pode ser modificada favoravelmente apontando o microfone ligeiramente para um lado, provocando intencionalmente a perda de altas freqüências.
TIPOS DE MICROFONES Há cinco tipos básicos de microfones: o OMNIDIRECIONAL, O CARDIÓIDE, O HIPER-CARDIÓIDE, O ULTRA-CARDIÓIDE e o DIRECIONAL (também: canhão, espingarda (em Portugal) e o microfone BI-DIRECIONAL (usado em estúdios de gravação, emissoras de rádio). |
A esta divisão corresponde um “diagrama polar” que sugere o padrão de captação de cada tipo: |
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Padrão de captação omnidirecional: capta com a mesma intensidade, qualquer seja a posição da fonte em relção ao eixo do microfone | Padrão de captação cardióide: privilegia a frente do microfone, podendo o talento se mover relativamente, sem grande perda de captação; no entanto, a rejeição no sentido contrário ao eixo é máxim – porisso é muito utilizado em palco. | Padrão hiper-cardióide: apresenta um certa direcionalidade em frente ao microfone, embora a rejeição no sentido oposto ao eixo não seja muito forte. |
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Padrão de captação ultra-cardióide: é uma espécie de cardióide melhorado, mas apresenta ainda pouca rejeição contra o eixo | Padrão de captação direcional: apresenta forte captação à frente, mas decaí rápidamente para os lados, apreentando um ângulo útil estreito de cerca de 50 graus. Embora a rejeição contra o eixo seja relaticamente pequena, requer muita atenção o seu uso. Pequenos desvios do microfone em relação à fonte sonora provocam perdas acentuadas de sinal. | Padrão de captação bi-direcional: apresenta boa captação frente-verso, e reduzida sensibilidade nas laterais. Bom para entrevistas de rádio e gravações de voz com dois cantores frente a frente. |
(Fonte destas ilustrações: ALTEN, Stanley, Audio in Media, Syracuse University Press, Belmont, 1981). |
SUSPENSÃO ELÁSTICA E PARAVENTOSÉ essencial para o controle dos ruídos provocados pelo vento em torno do microfone, o uso de um paravento.Um paravento de qualidade (“zepelin”) é uma estrutura plástica perfurada que fica em volta do microfone, este por sua vez sobre um suporte elástico que previne os ruídos de manipulação, e, ainda, uma capa de lã de carneiro sobre o conjunto todo. Nessas condições, o conjunto é capaz de enfrentar um vento forte. Como o conjunto não tem arestas, o vento passa em volta do conjunto sem formar turbulências |
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Microfone direcional NEUMANN de alta qualidade instalado em suporte elástico. | Paravento para um microfone direcional. Observe que apresenta uma superfície aerodinâmica, evitando pontas onde se formar turbulências, e daí, ruidos provocados pelo vento. |
AMBIENTESPara as finalidades de som direto, algumas sugestões:A forma do quarto e o tipo de mobília e as texturas dos materiais presentes (roupa de cama, cortinados, cortinas e tapetes) influem na qualidade acústica do ambiente. Pouco material absorvente provoca o aparecimento de reverberação, que diminui a inteligibilidade do som, e caracteriza um ambiente “amplo”. Um som gravado com reverberação não pode ser satisfatoriamente limpo, mesmo com técnicas digitais. É possível forrar o ambiente todo, piso, paredes e até o teto, com cobertores (desses de baixo custo), com exceção da área do quadro, e isto ajuda muito a diminuir as reverberações. Em locações, este é o melhor remédio. Sempre que possível, o microfone deve ser posicionado de forma que seu eixo traspassa o quarto diagonalmente. Caso contrário, um efeito de onda estacionária pode acontecer – as ondas de som saltam de lado a lado em paredes paralelas, às vezes se cancelam, às vezes se reforçam e o efeito final é desagradável. Se o microfone estiver sobre uma superfície lisa, uma mesa ou aparador, forre a superfície com um pano, cobertor ou uma folha de espuma. Se um locutor está lendo um texto, o texto não pode ficar entre sua boca e o microfone, pois haverá uma perda de altas freqüências.PERSPECTIVA SONORA O som e a perspectiva do quadro devem se combinar para reforçar aspectos sutis de verossimilhança. Se um ator parece “longe” no quadro, sua voz não deve soar como se estivesse em close. Da mesma forma, o som tem que ajustar-se à locação. Por exemplo, um salão enorme deve ter bastante reverberação e não o som abafado de uma alcova. Estas regras podem ser quebradas por razões criativas.
RUÍDO DE CÂMARA Muitas vezes estamos com uma câmara ruidosa. De todos os ruídos gerados pelo sistema, o ruído de câmara é o único que é impossível de remoção satisfatória posteriormente. Muitas câmaras antigas não tem silenciador (blimp), ou quando têm, não se usa porque é incomodo demais. Desde insistir para cobrir a câmara com uns dois casacos grossos, até o uso de microfones de lapela, microfones direcionais ou o uso de lentes mais longas (75 a 100 mm), todos os recursos são válidos para reduzir o ruído de câmara de uma velha Arriflex 2C. DUBLAGEM Freqüentemente por causa de condições de gravação difíceis, como ruídos de aviões ou a proximidade de máquinas barulhentas, tráfego intenso, etc., é impossível conseguir uma gravação adequada. Nestes casos, grava-se da melhor forma possível, e posteriormente os atores substituem “dublam” suas próprias vozes, nos trechos defeituosos, em estúdio de transcrição e dublagem. Brasília, 25/setembro/1999 – agosto 2007 |
REFERÊNCIAS
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