
No fim da década de 70 e início dos anos 80, além da pornochanchada, também temos filmes como “Pixote”, de Hector Babenco, e “Bye, Bye, Brasil”, de Cacá Diegues, que são tidos, até hoje, como sendo importantes pelo contexto político-social no qual o Brasil se encontrava. No entanto, com o regime militar em cima das produções e censurando tudo aquilo que não convinha, ficava difícil saber o que poderia e o que não poderia ser veículado nas salas cinematográficas do país.
Isso fez com que diversos diretores debandassem por medo – ou sabe-se lá o que – para o gênero mais corriqueiro da época, novamente, a pornochanchada. Esta foi veículada por todo o país, e a cada ano o apelo sexual aumentava, de modo que, em uma certa fase, a pornochanchada nada mais era do que um filme adulto de luxo, filmes deste gênero puderam ser vistos com atores e atrizes conhecidos nos meios televisivos até hoje, são os casos de Lima Duarte, Vera Fischer e Sonia Braga. Sonia por sinal viria a se tornar a garota, hoje mulher, símbolo desta época do cinema no Brasil.
Neste cenário ditatorial, Mazzaropi ainda reinava com seu Jeca Tatu e seus filmes de graça e fácil aceitação popular. Eis que no final da década, nasce para o Brasil aquele que até hoje é tido como um dos maiores grupos de comédia nacional, Os Trapalhões, com Didi, Dedé, Zacarias e Mussum. Os quatro são capazes de levar às salas de cinema, no ano de 1977, o surpreendente número de 5,8 milhões de espectadores com o filme bem humorado “O Trapalhão na Mina do Rei Salomão”, no ano seguinte uma nova obra, “Os Trapalhões na Guerra dos Planetas”, enche os cinemas brasileiros com mais de 5 milhões de pessoas e, em 1979, com “O Cinderelo Trapalhão” mais 4,7 milhões. Enfim, o grupo se transforma em uma grande febre no país, principalmente com as crianças, que viram fãs incondicionais desse quarteto, que fazia em suas obras um misto de aventura, comédia e romance.
E assim foi este longo período, as comédias e as pornochanchadas dividiam o espaço nas salas cinematográficas e, também, o gosto do público. Devido ao período ditatorial instaurado no país, as obras ficam mais pobres e sofrem todo e qualquer tipo de censura, fora os abusos, torturas e exilios praticados contra quem se opusesse ao governo militar, que ditava os rumos do país naquela ocasião. Foi assim não somente com o cinema, mas também com a música e todo e qualquer tipo de arte praticada em terras brasileiras.