Mixagem de áudio em cinema e home theater Parte 3

Efeitos da mixagem

Um dos principais efeitos dos métodos de mixagem é a direcionalidade. Este efeito é possível, em tese, com a reprodução de apenas um canal, mas na prática ele é melhor realizado com a introdução de canais múltiplos.

Da mesma forma, a imagem (identificação da presença do som  no espaço) pode ser conseguida com apenas um par estéreo (2.0) no plano frontal, mas a adoção de pelo menos três canais, em telas muito largas, evita o que se convenciona chamar de ?buraco no meio?.

A mixagem em múltiplos canais tem a capacidade de fazer o som “rodar” em mais de um sentido. É possível envolver a platéia com um determinado efeito sonoro ou fazer o som viajar no espaço (panning lateral), indo da frente para a traseira ou vice-versa, acompanhando o movimento de objetos (carro, avião, etc.) na tela.

O correto posicionamento das caixas acústicas, tanto no cinema como principalmente nos home theaters, é fundamental para se obter a mixagem pretendida pelos realizadores dos filmes.

No caso dos home theaters, esta montagem é ainda mais crítica, por causa do relativo baixo número de caixas usadas para os canais surround (4, no máximo). Ainda, por causa disso, é vantajoso o emprego de caixas com dispersão maior (bipolares ou omnipolares), pelo menos para os canais surround esquerdo e surround direito, que são apontados para o centro da sala. E, seguindo este mesmo raciocínio, é conveniente instalar dois canais e duas caixas surround back (7.1), ao invés de apenas uma (6.1), espaçadas uniformemente na parte traseira da sala.

Os principais efeitos de mixagem são conseguidos com a interação entre as várias caixas acústicas no ambiente. Isso é válido tanto para o cinema, quanto principalmente para os home theaters. O mesmo som, perfeitamente em fase, reproduzido pelos canais esquerdo e surround esquerdo, por exemplo, provocará a reprodução de sons no espaço entre essas duas caixas com notável precisão.

Para se obter o máximo de coerência de reprodução de uma mixagem em múltiplos canais é essencial que as caixas usadas numa instalação de home theater tenham o melhor casamento possível de timbre, balanço acústico e dispersão. Isto é particularmente mais difícil de conseguir para o plano frontal, por causa das diferenças de construção entre os canais esquerdo e direito e o canal central.

Além disso, deve-se observar que o posicionamento das três caixas frontais obedece a um pequeno arco, que mimetiza a curvatura das telas de cinema. E para evitar que erros ou artefatos de reprodução sejam introduzidos por erros de posicionamento, o usuário precisa acertar o ajuste de retardo (“delay”) entre todos os canais (frontais e traseiros) indistintamente.

Um dos dilemas que o usuário de home theater passa às vezes é a determinação do nível de volume (amplitude) de cada canal. O correto é fazer este nivelamento com o uso de medidores de decibéis. O volume de reprodução, para ser ajustado no momento da reprodução de algum programa é o diálogo. Todo e qualquer outro tipo de informação sonora (música, efeitos, etc.) são mixados de acordo com o nível do diálogo. No ajuste deste volume, deve-se dar preferência à audição a mais clara possível do que está sendo dito pelo ator ou narrador. Todos os demais sons são automaticamente nivelados, partindo do pressuposto que a mixagem de estúdio foi feita corretamente, o que costuma ser o caso.

É possível, no caso das mixagens em disco (DVD, Blu-Ray) que o estúdio apresente uma opção com um design específico para home theater. Um dos estúdios que mais se destacou nisso foi o da Disney, e um dos seus primeiros trabalhos apresentados em edição em DVD do filme Mary Poppins.

Conclusões finais

Adeptos do minimalismo (2 microfones para 2 caixas) costumam objetar que a presença de caixas acústicas distintas no espaço de audição costuma adulterar a qualidade do som obtido.

Não é, entretanto, heresia, afirmar que o som multicanal do cinema ignora completamente este preceito, e persistir na idéia de diminuir o número de caixas para duas na frente e duas na traseira, acaba por tornar nulas as intenções dos técnicos de mixagem, ao colocar em prática o posicionamento sonoro pretendido no roteiro.

Por outro lado, a adulteração das mixagens pré-Dolby (CinemaScope, Todd-AO, etc.) para 5.1,com centralização do diálogo, termina por destruir todo o trabalho concebido pelos criadores originais daquelas trilhas sonoras. Isso já foi feito em muitas edições em home vídeo, e é, a meu ver, uma prática condenável.

Outra prática estranha, mas encontrada várias vezes em mídia doméstica, é autorar filmes com o uso de 5.1 canais, mas mantendo a fonte em Dolby Stereo, estéreo simulado, ou até mesmo mono.

Finalmente, condições acústicas no ambiente doméstico, quando bem controladas, poderão proporcionar ao ouvinte um som de melhor qualidade que muitas salas de cinema. Na realidade, agora que é possível reproduzir o som do estúdio dentro de casa, com o auxílio dos novos codecs “lossless“, a tendência é o aumento desta qualidade, a níveis nunca antes imaginado!

Marcelo Macaue

Writer & Blogger

Related Posts:

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sobre Mim

Olá Pessoas! Marcelo Macaue

Delightful unreserved impossible few estimating men favourable see entreaties. She propriety immediate was improving.

Publicações Populares

  • All Post
  • Africa
  • America
  • Asia
  • Europe
  • Filmes
  • Fotografia
  • Travel Tips
  • Tutorial

Newsletter

FIQUE POR DENTRO

Deixe seu e-mail para receber as atualizações.

Você foi inscrito(a) com sucesso! Um erro ocorreu.

Posts sobre filmes

  • All Post
  • Filmes

10/02/2017

Documentário “As sementes” revela iniciativas que unem cooperativismo, agroecologia e feminismo Com edição de...

Instagram

Categorias

Tags

Edit Template

Marcelo Macaue © 2025 – Todos os direitos reservados.

Não é permitido essa ação.