por Carina Toledo
Conheça os filmes que marcaram o cinema com inovações sonoras
Lançado em 1940, Fantasia foi o terceiro longa-metragem daWalt Disney Pictures e marcou a história do cinema como um dos mais importantes experimentos sonoros deste O Cantor de Jazz, lançado 13 anos antes. Walt Disney se uniu a Leopold Stokowski, regente da Orquestra da Filadélfia, para realizar o curta O Aprendiz de Feiticeiro com o objetivo de revitalizar o Mickey, personagem mais querido de Disney, que fora superado em popularidade pelo Pato Donald. No entanto, o alto custo do filmete era comercialmente inviável para um desenho curta-metragem e Stokowski sugeriu a adição de outros segmentos, formando o surrealista concerto em película de oito segmentos de animação, embalados por música clássica e sem diálogos.
Ao trabalhar na trilha do filme, Stokowski foi um dos primeiros a conduzir experimentos com sistema estereofônico. A ideia do maestro era que Fantasia recriasse no cinema a acústica de uma sala de concerto. Para tanto, capturou o som de sua orquestra em três canais: direito, esquerdo e surround, fazendo do sistema estéreo Fantasound, exclusividade de poucos cinemas na época, o precursor do sistema surround que é amplamente utilizado hoje.
No entanto, gravar o som da orquestra à altura das expectativas de Stokowski custou ao estúdio mais do que deveria. Para exibir Fantasia, os donos de cinema precisariam investir em equipamentos especiais. A RKO, distribuidora dos filmes da Disney, se recusou a bancar estes gastos, levando Walt Disney a distribuir seu filme por conta própria pela primeira vez.
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Walt Disney demorou a recuperar os mais de US$ 2 milhões investidos em Fantasia, que não agradou nem público – que esperava mais lançamentos como Branca de Neve e os Sete Anões(1937) -, nem a crítica da época, enfurecida pelo “mau uso” da música clássica. A situação mundial também não era das melhores para lançamentos internacionais, uma vez que o mercado europeu estava fechado pela Segunda Guerra Mundial. Para piorar a situação da Disney, os bancos fecharam a linha de crédito do estúdio, que foi forçado a tornar-se uma empresa de capital aberto, oferecendo suas ações para o público.
Tanto Disney quanto Fantasia sobreviveram. Mais tarde, com vários relançamentos no cinema, o estúdio conseguiu lucrar com o filme, que hoje é reconhecido como um clássico do cinema.