Sim. Mesmo com todo o furor e emoção de pegar uma câmera na mão e sair rodando o que a realidade apresenta a sua frente, uma organização prévia do conteúdo a ser documentado é necessária. Mesmo que não muito populares, os roteiros de documentário podem ser a salvação do orçamento de seu filme. Geralmente baseados em uma estrutura similar a do roteiro de ficção, porém, não tão fixa (ganhando em qualidade se for flexível), a escrita de um roteiro para o seu documentário é uma ótima maneira de articular o seu discurso e afinar o conteúdo audiovisual que será a resposta da pesquisa na tela. Mesmo com uma gama de defensores do “Documentário Direto”, ou seja, sem argumento e fundamentado no mito de que para fazer um documentário basta ligar a câmera e sair filmando, aparentemente, sem pesquisa e sem planejamento, ao esboçar seu documentário vale a pena ponderar algumas questões. A escolha do uso de um roteiro, ou não, deve ocorrer em função do assunto retratado ou da forma de tratamento. Primeiramente, você deve questionar se seu doc é roteirizável, por exemplo, se a temática é de arquivo, biográfica ou histórica; ou se ele retrata um evento, ou um registro corpo-a-corpo da realidade, ou seja, um documentário direto que é mais a captação e registro de um momento, que fruto de uma grande pesquisa e do levantamento de informações. Mas o que vale mesmo é a flexibilidade. Cada filme é singular e um bom documentarista deve saber organizar-se e planejar o filme (até para não acabar endividado no final) e conhecer a sua história para saber até que ponto ela necessita ser roteirizada e organizada como discurso antes da gravação (e então você terá um editor feliz). Em breve você acompanha aqui no Portal do Curta um passo-a-passo da produção desse tipo de roteiro.
Fonte: Introdução ao Roteiro de Documentário, PUCCINI, Sérgio – Doutor em Cinema pela Universidade Federal de Campinas – UNICAMP